Muitas raças participaram ativamente da história das civilizações humanas. Cada raça contribuiu em determinados períodos históricos da humanidade com uma ou mais funções em particular. Muitos cães serviram de transporte, de guarda, de caçadores, pastores, alguns adorados como deuses, outros assassinados em revoluções, e tantos viajaram pelo mundo com as Grandes Navegações, sofreram com as guerras e lutaram nelas. A história do cão doméstico é a nossa história, vista de um outro ponto de vista.
No Egito os cães eram reverenciados como conhecedores dos segredos do outro mundo, já os antigos gregos relacionavam que seus cães, semelhantes a Galgos de hoje, com os deuses da cura. Haviam templos que abrigavam dezenas de cães, para que os feridos pudessem ser levados para lá e ter suas feridas lambidas pelos cães. O próprio Homero disse em uma de suas obras: "Infeliz do homem que não tiver um cão para lamber suas feridas...".
Algumas das raças mais antigas que se têm notícia são o Samoieda, o Saluki e o Pharaoh Hound. Realmente, qual delas é a mais antiga não se sabe, mas todas têm aproximadamente 5.000 anos de existência.
Enquanto revoluções aconteciam em toda Europa e Ásia, na Sibéria, tribos nômades mantinham seu estilo de vida há várias gerações. A tribo dos samoyedos usava seus cães (que mais tarde receberiam o nome de Samoieda) para praticamente tudo e dificilmente sobreviveriam nas inóspitas condições da Sibéria sem eles. Foram estes mesmos cães, trazidos da Sibéria, que tornaram possível a conquista dos Pólos por exploradores como o norueguês Roald Amundsen e o norte-americano Robert Peary. Os primeiros homens a pisar no Pólo Sul e no Pólo Norte respectivamente, chegaram lá em trenós puxados por Samoiedas.
Acredita-se que os Samoiedas tiveram o ponto de partida no início do período pré-histórico. Na Sibéria, famílias nômades de origem mongol, começaram a se deslocar em todas as direções por motivos de conflitos com povos situados mais ao sul, ou em busca de outra condição de vida. Seguidas de seus cães, alguns destes povos, se direcionaram ao Ártico, por aproximadamente 1000 anos a.C., povoaram toda a área litoral, começando do Mar Branco até à península do Taimyr e, interior, até o rio Yenisei.
Estes nômades tinham a característica de serem baixos (medidas aproximadas para os homens de 1,45 m e para as mulheres de 1,30 m), pele escura amarelada, maçãs do rosto ressaltadas, porém estes povos acabaram se tornando conhecidos por dois motivos em especial: seus cães, e a maneira como os tratavam!
Esta tribo de pessoas, bondosas e sociáveis, tratavam-os como membros da própria família. Nunca lhes maltratavam, os cães eram treinados por comandos de voz, permitiam-lhes que se adentrassem nas suas casas (chooms) e até nos locais onde dormiam, onde acabavam sendo verdadeiros aquecedores vivos. Utilizavam-nos na caça em geral, no pastoreio e na escolta dos rebanhos de renas (caribu), no transporte, puxando os trenós, onde existia um posto de trabalho para cada cão de acordo com sua idade e condição física.
Quando cão era de maior porte, usavam-o para puxar trenó, caçar, outros na condução de rebanhos e também tinha aqueles que eram usados para vigiar o acampamento, e mesmo brincar com as crianças. O respeito por seus cães era tão grande, que dispensavam do trabalho os mais velhos e as cadelas em gestação.
Com isso, estas tribos criaram nos seus cães, laços de adoração, confiança e respeito para com os seres humanos, de eternidade pura!
Nota: Bjelkier, nome o qual era chamado um samoieda pelas tribos dos samoyedos. O que significa "cão branco que se reproduz branco".
Os russos no século 18, iniciaram a exploração da Sibéria e assim perceberam os atributos dos Bjelkiers. A sua grandiosidade e personalidade cativaram a família do Czar que se encarregou de os dar proteção dos estrangeiros, permitindo que muito raramente um exemplar de samoieda fosse oferecido a algum membro da nobreza européia. Não demorou muito até notarem a sua grande utilidade para puxarem os trenós dos cobradores de impostos e dos exploradores.